Populares a caminho da "Feira do Gado"
"Venha ver freguês", "Compre que é barato", "É só três euros" gritam vários feirantes de todos os lados, originando um ambiente popular de balbúrdia. Encontram-se espalhados diversos objectos e peças de roupas em todos os cantos do recinto da feira de Cesar, freguesia do concelho de Oliveira de Azeméis. Intactos e remexidos, os produtos passam pelas mãos de vendedores, de compradores ou apenas de visitantes curiosos.
A 17 de Outubro de 2009 o dia começa cedo. Ainda é madrugada e as ruas estão iluminadas pelos faróis da luz pública e dos veículos que circulam, mas o trabalho já está em andamento. O recinto da feira enche-se de carrinhas volumosas, espaçosas e com um tom branco. Feirantes levantam ferros de uma ponta à outra, que são encobertos com toldes. Surgem tendas e bancas de venda a pouco e pouco.
"A vida de feirante é complicada"
Ferramentas, produtos de cestaria e tapeçaria, frutas e legumes, plantas e sementes estão à venda no recinto da "Feira do Gado"
O relógio da capela da Nossa Senhora da Graça soa às oito badaladas da manhã. Apesar de ainda se sentir o frio típico do Outono, o sol já descoberto eleva aos poucos a temperatura e chama visitantes e/ou compradores ao recinto da feira.
"António", nome fictício de um vendedor de roupa da região Norte do país, que prefere não ser identificado, aprecia o seu trabalho a par da colega Maria, mas admitiu que "a vida de feirante é complicada". Outrora, as feiras eram os pontos exclusivos de venda. Agora, as pessoas vivem numa "aldeia global" onde têm acesso a tudo e a todos com facilidade e rapidez. O estado do tempo, nomeadamente chuva e vento, é outra barreira para os feirantes deste certame.
O tempo passa e a feira continua
Apesar das transformações de mentalidades e de territórios, a profissão de vendedores de feira perdura na intemporalidade. No entanto, as diferenças entre o passado e o presente existem. Quem as reconhece é "António" quando afirmou que "os supermermados de hoje são as feiras de antigamente". Em tempos remotos, "as pessoas adquiriam todo o tipo de produtos" nos certames, acrescentou o feirante.
Vende-se todo o tipo de produtos nesta feira
Passado um ano, o cenário tem-se repetido todos os meses aquando da "Feira dos 18", que é antecipada sempre que o dia 18 é a um domingo ou segunda-feira. Realizado no recinto da feira de Cesar, o certame estende-se pelas bermas da estrada envolvente até ao lugar da chamada "Feira do Gado". A próxima é já no sábado, 16 de Outubro, seguida da "Feira do Velho".
Assim, a 17 de Outubro, o largo da feira regressa ao passado em menos de 24 horas, recebendo feirantes e adeptos de velharias. A "Feira do Velho", que decorre ao terceiro domingo de cada mês nesse local, tem a particularidade de se dedicar à mostra e venda de produtos ancestrais.