terça-feira, 20 de abril de 2010

Uma viagem ao Afeganistão

Uma viagem ao Afeganistão dá vida ao "Caderno Afegão", livro da jornalista Alexandra Lucas Coelho.

Capa do livro

A jornalista esteve no passado dia 15 de Abril na Escola Superior de Educação de Coimbra a apresentar o seu último livro. "Caderno Afegão" é um diário de bordo realizado pela Alexandra Lucas Coelho entre Maio e Junho de 2008, período que esteve no Afeganistão.

"Tudo começou em 2001 com o ataque às Torres Gémeas [nos Estados Unidos da América]", relata a jornalista do Público. Alexandra foi enviada pelo jornal para o Paquistão uma semana após o atentado. Nessa época tentou entrar no Afeganistão, mas sem êxito. "Uma derrota", assume a jornalista. Todavia, não desistiu da viagem mesmo sabendo que é difícil convencer o jornal a apoiar, pois é muito caro realizar uma viagem nesta natureza.

Após sucessivos adiamentos, a viagem concretiza-se em 2008. Alexandra realça que o importante para começar é ter/ fazer contactos pois "são a nossa rede" e "uma âncora". Depois há que saber "aproveitar as oportunidades" que surgem.

O Afeganistão é um país destruturado, onde não há postes de electricidade - luz só mesmo através de geradores - nem transportes públicos. A população afegão não tem um sistema que lhes garanta à saúde, educação, etc., por isso, há muita inter-ajuda. A jornalista acrescenta que há "vida em rede" e "construção conjunta".

Quando questionada sobre o medo de estar num território desconhecido que está a mais de 30 anos em guerra contínua, Alexandra responde que "o medo é o que nos ajuda a medir as coisas e a organizar tudo com antecedência". Ser uma jornalista mulher e estrangeira no Afeganistão "é uma vantagem" pois "posso ter acesso à intimidade das mulheres por ser mulher e posso ter acesso aos homens por ser estrangeira", remata a jornalista.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Voz informativa

No Dia Mundial da Voz, escrevo sobre a importância da voz para os profissionais da informação e as formas de prevenir os problemas vocais.

Voz

Uma voz informativa resulta de um controlo adequado da respiração e de uma postura correcta. O principal músculo da respiração é o diafragma, situado na base do pulmão.


Para que seja correcta, a respiração tem de ser abdominal intercostal, ou seja, as pessoas devem encher de ar as laterais do diafragma, desde a base do pulmão até às costas, sem levantar os ombros. Quando inspiramos o diafragma é estendido e quando expiramos ele sobe. A respiração deve ser nasal, uma vez que o ar é filtrado e aquecido pelas narinas.

Respiração abdominal intercostal

O intercostal, o diafragma e o estômago têm de trabalhar simultaneamente para a obtenção da respiração correcta. Para tal, é importante ter uma postura adequada. O mesmo é dizer que o peso do corpo deve estar igual e confortavelmente distribuído pelos dois pés; os músculos e ombros devem estar relaxados; a cintura pélvica dever estar suspensa sobre o diafragma para manter a energia do som; e a cabeça deve manter-se erguida e direita.

Existem normas básicas que ajudam a preservar a saúde vocal e a prevenir o aparecimento de alterações e doenças. Mário Andrea, professor e médico otorrinolaringologista do Hospital Santa Maria (Lisboa), identifica os principais métodos de prevenção de problemas vocais: "não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas, beber muita água e fazer uma alimentação saudável".

O otorrinolaringologista detecta possíveis problemas no aparelho fonador. Verificadas falhas na voz, o fonoaudiólogo, que trabalha juntamente com o médico otorrino, procede à correcção dos problemas através de exercícios.


A produção do som envolve diversos órgãos que conjuntamente fazem soar a voz. São eles, o aparelho respiratório, a laringe, as cavidades de resssonância e os articuladores.

Aparelho fonador


Para que todos os órgãos referidos funcionem bem, os indivíduos, nomeadamente os profissionais da voz (jornalistas, locutores, apresentadores, professores, etc.), devem fazer diariamente exercícios de relaxamento para evitar tensões musculares, responsáveis por dificuldades respiratórias, articulatórias e outras que afectam a produção da voz e da fala.


Fundamental é evitar fumar e beber álcool, não falar alto nem pigarrear e gritar, evitar o choque térmico (quente-frio e frio-quente), beber muita água, fazer uma alimentação equilibrada e dormir bem. Como defende Mário Andrea: "Abusem da água e não da voz!"


terça-feira, 6 de abril de 2010

Investigação Quantitativa vs Investigação Qualitativa

A investigação quantitativa e a investigação qualitativa diferem e completam-se. Recorrem a diferentes métodos de estudo. E, ao mesmo tempo, cumprem uma função idêntica: questionam permanentemente o seu objecto de estudo e respectivas propriedades (quantitativa) ou contexto (qualitativa).
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Ligados à corrente positivista, behavionista, empirista e determinista, os métodos quantitativos estão isentos de valores. Os qualitativos seguem os princípios culturais e fenomenológicos.
A realidade quantitativa é fragmentada em variáveis, é única e probabilística. O objectivo dos métodos quantitativos é medir a quantidade de um objecto, sendo que não se mede o objecto em si mas as suas propriedades (género, idade, etc.). Estes métodos são usados para descobrir relações entre variáveis e diferenças entre grupos.
Os métodos qualitativos fogem à realidade objectiva. São mais adequados para analisar casos individuais, amostras pequenas e intencionais. Enquanto os métodos quantitativos recorrem a uma amostra representativa e aleatória do universo, generalizando os resultados atingidos.
A quantificação pressupõe uma base teórica antes da prática que corresponde à validação da teoria. Contrariamente, os métodos qualitativos começam pelo terreno, baseiam-se no humanismo.
Relativamente à investigação, a quantitativa é nomotética. Baseia-se na verificação de hipóteses hipotético-dedutivas, isto é, parte de hipóteses feitas preparadas antes da recolha de dados. Por sua vez, a investtigação qualitativa é ideográfica. As hipóteses são indutivas e emergentes, pois surgem com o desenrolar do trabalho investigatório e baseiam-se na grounded theory (teoria construída a partir do terreno).
Os planos de investigação quantitativos são formais e detalhados pois têm como objectivo confirmar ou refutar hipóteses. Os qualitativos não visam descrever as coisas tal como são. Pretendem sim ajudar a entender os indivíduos estudados no seu contexto. Na fase de recolha de dados, as técnicas quantitativas são pensadas à priori e são iguais para todos os sujeitos envolvidos no estudo. Os investigadores recorrem à observação estruturada, à entrevista estruturada, a testes e ao questionário fechado para, de seguida, proceder à análise dos dados obtidos através da estatística descritiva e inferencial.
Para proceder a uma investigação qualitativa, os investigadores utilizam um processo mais flexível. Recorrem a uma abordagem individualizada uma vez que a realidade é complexa, diversa, dinâmica e depende de quem a constrói. Neste sentido, cada caso é um caso. Os significados são construídos a partir do modo de vida de cada sociedade e respectivo contexto. A verdade é sempre relativa e contextual, isto é, varia no espaço e no tempo. O que é verdade hoje pode já não o ser amanhã.
Contrariamente, aos investigadores quantitativos, os qualitativos investem na observação participante, entrevista etnográfica ou profunda e analisam os dados com base em descrições verbais, não tendo uma data prevista para a conclusão do trabalho investigatório.
Depois da análise dos dados e apresentação das conclusões, a investigação termina e logo de seguida é iniciada uma outra, mantendo sempre o círculo aberto. Nenhuma investigação está fechada, seja ela quantitativa ou qualitativa.